Feliz Dia das Criancas!

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“Nenhum rio chega ao mar se não respeitar os limites impostos pela natureza.”
Ouvi essa já no fim do domingo, 12 de outubro.
Lembrei de correntezas, de enchentes, de encostas sendo invadidas pelas força das águas. De famílias desabrigadas.
Pensei também em águas mansas seguindo seu curso, em pescadores indo buscar seu sustento, em peixes saltando, enquanto o sol reflete o brilho de suas escamas.

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Estou convencido de que ser um exímio gestor dos limites do filho é o melhor presente que o pai pode dar a ele. Não só hoje.

Juliano RigattiFeliz Dia das Criancas!
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Quem sabe poupar, sabe votar

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Estou pra dizer pra vocês que o sujeito que sabe cuidar do seu dinheiro, do seu suado dinheirinho, sabe também votar.

Digo porquê.

Porque cada vez mais, a cada eleição que chega, os argumentos dos candidatos estão travestidos de apelo publicitário. Vocês viram a qualidade dos jingles, das músicas dos candidatos? E o que são as logomarcas com o rosto e o número do partido? E os discursos, então? Meu Deus, como melhoraram.

Um tempão atrás, bem no início da faculdade, quando ainda dividíamos a sala de aula com o pessoal do curso de Publicidade e Propaganda, alguém fez essa pergunta: qual é, afinal, a diferença entre propaganda e publicidade. Disse-nos o professor, com a autoridade que tem todo professor no início da faculdade: fazer propaganda é propagar uma idéia, uma crença. É quase um proselitismo, uma catequese. Publicidade é mais próprio do capitalismo. Tem a ver com produto, com venda, com marketing.

Pois estamos diante de publicidade eleitoral.

Não nos oferecem mais promessas mirabolantes, soluções mágicas para a rua esburacada ou o valão que cheira mal há quatro anos. Agora nos oferecem um rosto bonito, uma música que não sai da cabeça, um trocadilho envolvente. Sim, no passado já faziam isso. Mas muito isso evoluiu.

Claro que eles têm as suas razões. Claro que eles as têm. O apelo do consumo para que adquiramos aquele celular novo, aquela bolsa e sapato transados está cada vez mais evoluído. É assim: você acredita sempre mais que alguma coisa está faltando na sua gaveta, na sua geladeira, no seu roupeiro. Sempre falta algo.

Uma eleição está para o eleitor, portanto, como um shopping está para o consumidor. Há vitrines, logomarcas e slogans por todos os lados. Há o azul, o roxo, o vermelho e o verde. Escolha a sua predileta.

Vivemos um marco na democracia com a evolução da estética eleitoral. Com a diluição dos limites entre situação e oposição, somos conquistados por uma bela imagem e não mais por um sensato plano de governo.

Se no passado, quando as atenções estavam voltadas mais ao conteúdo de um político, ao que ele tinha para dizer e prometer, ao que ele se opunha no atual governo, a chance de colocarmos no poder um safado era grande, hoje piorou. No dia cinco de outubro votaremos numa música, numa cor e numa fala rimada. E não em quem tem mais chance de fazer mais e melhor pela cidade.

E a conseqüência também é pior. Se você comprou um produto e deu-se conta que ele é inútil na semana seguinte, simples: você rasgou seu suado dinheirinho. Só. Agora, se você votou e no segundo ano de mandato o sorridente político foi cassado por corrupção, danou-se. Você fez mal a toda sociedade.

Valorize o seu dinheiro e valorize o seu voto.

Digo a vocês: o sujeito que chega no final do mês com as contas em dia, que soube onde colocar o seu dinheiro. O sujeito que investiu, que pensou na aposentadoria. Que agiu com discernimento. Este, senhoras e senhores, será um bom eleitor.

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E não esqueça: anote seu voto e se o seu candidato se eleger, cobre-o ao longo dos quatro anos.

Juliano RigattiQuem sabe poupar, sabe votar
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Tenha um cachorrinho ou vire um motoboy

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Há alguns finais de semanas, conversei com uma amiga com quem fazia tempo que não falava.

Ela separou-se do companheiro com quem esteve junto durante duradouros 14 anos. Sofreu pracaramba. Embora convicta, sofreu. Porque não se pode mandar, assim, batendo o pé, sobrancelhas agudas, na cabeça da gente. Embora tenha sofrido, ergueu-se, superou paradigmas, e está viva novamente. Graças à Keite. Digamos que seja este o nome da sua cadelinha.

Eu já tinha ouvido falar do poder terapêutico que os bichinhos de estimação exercem sobre nós, humanos quadrúpedes, pensantes e eleitores. Porque permanecem na ativa o tempo todo. Não há tempo ruim, falta de ração ou de afago que os desanime. Nos dão a certeza e a comprovação de que estão e estarão sempre ali, à nossa espera, à espera de nossa atenção, do nosso extinto tempo. Querem só correr atrás de um osso, rolar na grama mostrando-nos seus mamilos, rosnar, pular, brincar, sorrir sem sorrir.

A Keite, testemunhou minha amiga, ajudou-a a sair de uma quase depressão. Rabo abanando, Keite mostrava sentir, ao mesmo tempo, desdém pelos problemas e uma avassaladora motivação para tirar minha amiga daquela situação. Seu companheirismo, mesmo que irracional, foi fundamental.

Agora, há uma segunda alternativa.

Se você não está na melhor fase da sua vida, auto-estima em baixa, e não tem um cachorrinho ou não gosta de bichinhos de estimação, transforme-se hoje mesmo em um motoboy.

Isso mesmo: compre uma moto, capacete, macacão com listras reluzentes, compartimento para transportar encomendas e vire um motoboy já!

Porque o motoboy, este sim, goza do prazer indescritível da superioridade. Do prazer de andar pelas ruas da mesma cidade em que você e eu trafegamos, enquanto, ao mesmo tempo, transita em um mundo inteiramente seu, com sinalização e leis de trânsito ou inexistentes ou elaboradas e aprovadas por alguma entidade sobrenatural contra quem nossas autoridades nunca cogitaram se opor.

Eles, os motoboys, superam a tudo e a todos no momento em que colocam entre as pernas suas máquinas estreitas, impacientes e velozes. Devem ser seres orgulhosos de si mesmos os motoboys. Tenho notícia de que nenhum deles, nunca na história desse país, adentrou o consultório de um psicólogo ou psiquiatra. Jamais algum deles precisou.

Num país de metrópoles com trânsito cada vez mais caótico, este seres, os motoboys, regozijam-se. Vivem em um sistema à parte. Não compartilham de problemas elementares da civilização moderna. Ignoram o significado de verbetes como engarrafamento, atraso, impaciência e Voz do Brasil.

Vire um motoboy e desfrute de tudo isso. De uma vida sem obstáculos. De uma vida sem freios e sem limites. De um mundo plano, sem distâncias. Deleitar-se-á do prazer da velocidade sem limites, da brisa veloz tomando seu corpo enquanto a inércia é vencida e você levado à glória.

Sobrará um único desprazer: você sofrerá com a antipatia e a irritação dos motoboys que insistem em viver no mundo de cá, no real, no mundo do resto do mundo. Onde há rígidas leis de trânsito, pistas duplas com inoportunas listras amarelas divisórias, com semáforos vagarosos, calçadas intransitáveis, faixas de segurança que multiplicam-se a cada dia, com proibição de ultrapassagem pela direita. Um mundo repleto de todas essas coisas impertinentes e desnecessárias. Um mundo de motoristas que convivem com ela, com a chatice e até com a depressão.

Portanto, repito: se você está cabisbaixo, se o seu orgulho está ferido, não dê ouvidos ao resto do mundo, para tudo há uma solução. E a minha é que nem pense duas vezes. Abandone sua profissão. Vire um motoboy.

Juliano RigattiTenha um cachorrinho ou vire um motoboy
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