Eureka! Feliz 2015!

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No último sábado à noite, eu vi uma menina. Aparentemente, era a primeira vez que a via. Ficamos no mesmo ambiente, junto com outras pessoas, por cerca de 20 minutos. Vi ela sorrir, argumentar, concordar e se admirar. Tempo e experiências suficientes para sair dali considerando que passara a conhecê-la a ponto de identificá-la em meio a estranhos na rua. Mas só.

No dia seguinte, em outro local, mais de longe, e sem quase nenhuma interação, tornei a vê-la.

Um dia mais se passou e eu estava percorrendo de carro o trajeto que repito todos os dias úteis do ano, quase exatamente no mesmo horário de sempre. Mesmo com alguma velocidade, alguém que estava na calçada chamou minha atenção. Reconheci a mesma menina, mexendo no celular, em frente ao local onde ela havia contado que trabalhava.

Posso afirmar que nunca tinha visto aquela menina antes, em frente ao seu local de trabalho, mesmo que eu tenha passado ali quase todos os dias de 2014.

Será mesmo? Difícil dizer. Para sustentar a tese que vem em seguida, vamos concordar que, sim, eu já a tinha visto alguma vez, ali mesmo — já que seria uma enorme coincidência essa história toda que contei. Mas porquê não lembrava dela, então?

Ahá, aí está. Chegamos ao ponto.

Pelo mesmo motivo que nos surpreendemos quando a resposta para um problema é algo que eu já conhecíamos há tempos e nunca tínhamos dado valor algum.

Pelo mesmo motivo que quando descobrimos uma palavra nova, depois, ela parece estar por toda parte.

Uma das conclusões possíveis para essas histórias é que um fato somente se transforma em uma oportunidade quando você já formulou um problema para o qual aquele fato é uma solução.

Uma criança pode descer correndo até o porão da casa dos avós, atrás de sua bolinha de ping-pong, revirar livros que são verdadeiras relíquias, e reclamar da quantidade de lixo acumulado. No mesmo lugar, em meio à mesma montanha de livros, um bibliógrafo ficaria encantado, boquiaberto com o tesouro escondido naquele porão.

Para Arquimedes, a simples banheira em que estava e o mais corriqueiro ato de banhar-se só serviram de instrumento para uma de suas mais famosas descobertas porque, antes, ele havia passado anos e anos trancado em seu laboratório pensando sobre seu problema.

Mantenhamo-nos em movimento, leiamos mais, formulemos mais perguntas, inquietemo-nos mais com o mundo. Assim, cada vez mais, mais coisas nos parecerão interessantes, bobagens aparentes reluzirão, o mundo se descortinará e novas e realizadoras possibilidades surgirão.

Feliz 2015!

Juliano RigattiEureka! Feliz 2015!
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