A primeira lição da Betina

1 comment

Desde o bolo assando, a manhã que passa rápido demais, até a espera pela oportunidade profissional que não chega nunca, tentamos sempre nos entender com o tempo.

Marcamos um prazo no relógio, planejamos tarefas no calendário, mas quase nada que realmente faz diferença cumpre a nossa determinação. Convencionamos horas, dias, fuso horário, semanas, finais de semana, feriadão, semestres e anos, mas o processo da vida corre no seu ritmo, indiferente aos nossos planos.

Betina está há 40 semanas no ventre da minha irmã. Considerando as medições humanas e a ansiedade materna, já deveria ter vindo nos conhecer — e ter nos dado o prazer de poder beijar a sola de seu pezinho.

Mas não.

Betina virá quando tiver de vir. Assim como o bolo que se apronta ao calor do forno, sem que possamos acelerar o processo sem queimá-lo ou comê-lo cru.

Mesmo que a sua internet seja mais rápida, o celular 4G, você hoje copie e cole em vez de ficar horas digitando, e que encontre o significado de quase tudo em poucos cliques, e que só em 2015 o mundo já tenha produzido mais informação que a adolescência inteira de seu pai, mesmo assim, o curso da vida segue inalterado.

Como no tempo de nossos avós, aprender um idioma ou conquistar a confiança de alguém requer o mesmo esforço, a mesma dedicação e a mesma paciência. É falsa a impressão de que a tecnologia e a informação nos deram o poder de encurtar partes do tempo.

Do essencial, pouco mudou.

E Betina, que nem nasceu, já sabe e nos ensina isso a cada madrugada que passa. PS. Meu palpite? 29 de abril.

Juliano RigattiA primeira lição da Betina
read more