Esta é a solução para as drogas

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Invariavelmente, quando entrevistam um dependente químico e perguntam sobre sua esperança, ele cita a família.
A família é o fio que o mantém ligado à vida. Portanto, é quase inútil todo esforço empregado no tratamento deles se não soubermos quem é sua família, e se ela não for integrada ao tratamento.
A quem me pergunta, eu digo que familiares precisam iniciar o tratamento antes, inclusive.
Meus quase dez anos acompanhando o testemunho de pais, mães, familiares e dependentes químicos me dá esta segurança: são raríssimos os casos de quem recupera a sobriedade sem o apoio de quem os ama.
Esta é a solução para as drogas em nosso país: a atenção e o apoio à família.
Mas e depois da família? Depois que a família conhece a doença e se capacita a lidar com ela, aumentam muito as chances de o dependente aceitar ajuda. E de fazer o tratamento.
Solução difícil? Demora? Dá trabalho? Não há solução fácil para problema difícil.
De brinde, se cuidarmos das nossas famílias, aposto que muitas de nossas chagas sociais ganharão nova esperança.

Juliano RigattiEsta é a solução para as drogas
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Do que ainda somos escravos?

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Quando nascemos, somos livres. Livres da contradição, da ambição, livres da ansiedade, da depressão. Apenas somos.
Uma vez um professor de criatividade contou que gostava de ver seu filhinho brincar porque não sabia quem era a bola e quem era o bebê. As unidades se confundiam.
Uma vez, em uma missa na catedral de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler interrompeu a celebração porque uma criança corria pelos corredores dando gargalhadas. E nos disse o que o Espírito Santo lhe soprava: que talvez a pequena estivesse rezando a oração mais bonita naquele momento.
Crescemos e passamos a buscar ser a mesma unidade que aos seis, sete anos deixamos para trás, junto da inocência, da boca suja, do pé sujo.
E se permitimos que Deus manifeste em nós sua presença, a cada ano que passa, mais livres somos. Ano a ano. Não ficamos mais velhos, nem mais sábios. Ficamos mais livres. Mesmo que não pareça, nos dias confusos, atribulados, em que só deslizamos as horas com nosso polegar, e nada com mais de 140 caracteres ganha nossa atenção, estamos em busca de nossa liberdade.
Porque mais livres da forma, da norma, do mundo, somos mais sensíveis às chagas deste mundo. Somos mais o sonho que Deus sonhou para nós.
Em um filme oriental, nunca esqueço da cena em que um avô consola o neto que chora sabendo que seu ancestral está perto da morte. O velho lhe dirige o olhar, e questiona a razão da tristeza se ele finalmente vai encontrar o que buscou a vida toda.
A cada 13 de maio, ao mesmo tempo em que nosso Brasil comemora uma simbólica liberdade dos negros escravos, eu também celebro um ano mais próximo da minha liberdade.
Hoje sou mais livre que ontem. Hoje sou mais livre. Hoje sou mais. Hoje sou.
Só hoje.

Juliano RigattiDo que ainda somos escravos?
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