A idade de amar

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(Publicado em Zero Hora, no Dia dos Namorados. Que na real, pode ser todos os dias) 

Moradores de um asilo em Carlos Barbosa, na Serra, o casal Mercedes Joana Tossin, 89 anos, e Alvaro José dos Santos, 96 anos, conheceram-se há seis meses, apaixonaram-se e agora querem se casar. A ex-costureira farroupilhense e o ex-funcionário público de Lagoa Vermelha vivem cada minuto como se fosse o primeiro.  

– Nesse fiapo de tempo aqui na Terra temos de aproveitar. Se decidirmos nos casar, já tenho o terno e a cama de casal – diverte-se Santos, viúvo duas vezes e pai de nove filhos, que moram em Porto Alegre e na Região Metropolitana.  

Mercedes nunca se casou, nem tem filhos, e agora exibe com orgulho a aliança na mão direita, presente ganho há poucos dias do segundo namorado de sua vida. O anel não foi bem um pedido de noivado. Santos prefere usá-lo na mão esquerda.  

– Nosso amor é diferente, mais livre. Não tem sexo, é puro que nem criança – diz Mercedes.  

Nenhum dois dois imaginava que poderia viver uma história assim a esta altura da vida.  

– Desde que cheguei (ao asilo), nos encantamos um pelo outro. Agora, conversamos muito. Ela me leva para dormir, me dá beijo de boa-noite – conta Santos, dependente de uma cadeira de rodas.  

Não se sabe se o casamento será oficializado. De qualquer forma, neste Dia dos Namorados, o casal prova que é possível ganhar mais do que perder com a passagem dos anos.  

– O amor nunca morre, sempre nasce – diz Mercedes, seguidamente vista pelos corredores empurrando Santos na cadeira de rodas para breves passeios ao sol.

Juliano RigattiA idade de amar

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  • Jac Oliveira - 29 de junho de 2007 reply

    sempre dizem que qdo a gente fica velhinho, meio que vira criança de novo. Tá certo que as crianças de hoje em dia já não são mais como nós fomos, mas o mágico é quando pessoas dessa idade conseguem recuperar o bom da infância, que é gostar de forma pura e sem se preocupar mto com o amanhã…

    se eu tiver que chegar nessa idade ae, tomara que seja com a mesma capacidade de amar.

    :*

  • Bruna - 29 de junho de 2007 reply

    Ai, que lindo!
    Não tinha visto essa matéria…
    Assim como eles, todos nós deverámos ter eterna a capacidade de amar, afinal, não somos nada quando deixamos de acreditar neste sentimento que é a razão das nossas vidas.

  • luis Carlos - 29 de junho de 2007 reply

    O sexo não paga a xícara de chá quente, levada pelo “véinho” para a “véinha”, após esta sussurrar, involuntariamente, pois pensando alto no seu pé que estava frio.

  • alexprimo - 2 de julho de 2007 reply

    Meu nome é Alex Primo e sou professor de Comunicação da UFRGS. Estou realizando uma pesquisa sobre blogs. Estarei conduzindo uma entrevista em grupo com blogueiros nesta quinta (dia 5 de julho), às 19h, na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Você teria condições de participar? Sua colaboração seria muito importante para a compreensão desse fenômeno da cibercultura que é a interação em blogs.

    Por favor, entre em contato através do e-mail de nosso laboratório de pesquisa: limc arroba ufrgs ponto br

  • Pietra - 2 de julho de 2007 reply

    Lagoa Vermelha? OMG! Que coincidência! Ou melhor, coincidências não existem.
    Realmente, sempre se pode amar. ^^

  • Álvaro - 9 de julho de 2007 reply

    pô…comovente…em breve estarão no túmulo…um amor necrófilo

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