Espelho meu: minha mãe

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Essa é a estréia desse quadro aqui na Uzina. Espelho meu trará de tempo em tempo uma entrevista rápida com algum famoso — no meu círculo social. Uma foto, uma breve explicação e a entrevista. Será uma experiência interessante. Afinal, sempre é bom saber com quem a gente anda. Ah, e presta a atenção nas perguntas. Nunca se sabe quem será o próximo.

O primeiro Espelho meu é sobre a homenageda do último domingo, minha mãe. Também porque essa semana que começou marca mais um ano da minha ilustre passagem por esse mundo. Todos os anos, por uma obviedade lógica do calendário, essas duas datas se encontram, o dia dela e o meu dia. Portanto, por ter sido ela a primeira pessoa que conheci — e que amei — aqui está. Com vocês, Ema Maria Rigatti.

Minha mãe

A ciência e a religião ainda divergem sobre o dia exato em que eu e ela nos conhecemos. O fato é que fomos apresentados há pouco mais de duas décadas, mais precisamente no inverno de 1981. Embora eu tenha minimamente idéia de como tenha sido, desconheço as circunstâncias do encontro. Passamos a conviver intimamente até que um dia dei as caras nesse mundo. Nunca me disseram se nasci de olhos abertos ou fechados — já nascem de olhos abertos hoje, né? –, mas arrisco dizer que, sim, trocamos nosso primeiro olhar às 15h30 do dia 13 de maio do ano seguinte, uma quinta-feira, em Porto Alegre, no hospital Fêmina. Ao contrário de mim, ela não é uma gaúcha. Filha de Araci e Wilibaldo, descendentes de alemães, e mana de Nelsi, Mirna, Rudi e Paulo — só a primeira mais velha — a dona Ema nasceu em oito de junho de 1946 na cidade de Luzerna, no oeste de Santa Catarina. Hospital?

— Que hospital! — ela acabou de rir de mim. — Nasci de parteira.

Vou dizer quem é minha mãe hoje. Ex-professora de Matemática — elogiada por todos os ex-alunos que me encontram quando passeio por sua cidade natal –, canaliza sua energia em Canoas, Rio Grande do Sul, dando aula de catequese — não menos são os fãs –, entretendo-se com palavras cruzadas e sudokus — isso é só um jogo –, cuidando da casa, cozinhando e dando formas muito criativas a tecidos descartados por estofarias. De suas mãos saem enfeites de cuia, jogos de banheiro, tapetes, toalhas e sacolas de pano para compras. Mas não só. O bom chimarrão, que ela faz questão de preparar — ou de “reformar” — sempre antecede momentos de agradável conversa.

Espelho meu: minha mãe

A palavra mais bonita: saudade
A mais feia: tristeza
O pior defeito: falsidade
O domingo perfeito: com os familiares
O que queres estar fazendo na velhice: com mais de 60 estou fazendo muita coisa que gosto (o destaque é dela)
Idéia de felicidade: quem dera todos a alcancem plenamente
Onde gostarias de viver: onde me sinto bem e respeita pelo que sou
Onde gostaria de passear: qualquer lugar, com pessoas queridas
Memória mais antiga: deitada num banco na varanda de casa, quando tive rubéola com nove ou 10 anos…
Se pudesses eternizar alguém, quem seria? meu pais
O que é a morte pra ti: um grande começo
O que fazes que te dá muito prazer: tudo o que exige criatividade e seja útil
O que fazes para espantar a tristeza: De tudo um pouco…
Um livro: o último que li, o Caçador de Pipas
Um som: hoje não tenho preferências, mas já tive
Um lugar: os verdes campos de minha terra…
Uma coleção que tem ou já teve: já colecionei etiquetas de roupas. Lembro que era menina e entrávamos nas lojas para pedir etiquetas. Mas, imagina, quem ia tirar etiquetas das roupas para nos dar?
Um doce: doce de ameixas de inverno
Uma bebida: vinho
Um prato: sopa de lentilha com bolinhos de batata
O que já cozinhou de mais extravagante: não lembro…
O conselho que nunca esqueceu: o respeito com os mais velhos
Um pensamento:
Nunca digas em dias de ventura
Que teu coração de outra alma é dono
Porque na noite escura
Tua própria sombra te abandona

Juliano RigattiEspelho meu: minha mãe

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  • Paulo V. Reinehr - 13 de maio de 2008 reply

    Como irmão e tio só uma coisinha: voces dois se merecem.

    Parabéns e muitas felicidades a ambos

    Um beijo no coração de voces……

  • Jacqueline - 13 de maio de 2008 reply

    que lindos 🙂
    amo vocês.

  • Regina Rigatti Barcellos - 13 de maio de 2008 reply

    Lindooo….amei..que forma bonita de expressar carinho e amor..Parabéns pela
    mãe e pelo filho..aliás é um complemento unico….de entrosamento e sintonia
    familiar..beijo no coração de vcs.. Regina

  • Elisa - 14 de maio de 2008 reply

    O carinho dessa relação é sentido em cada palavra lida. Que homenagem linda!
    Bjs!

  • Kelen - 23 de maio de 2008 reply

    Olá! Ao te parabenizar pelo aniver, vi o link e…puxa, legal! Tua mãe era profesora de matemática?! Deve ser muito boa gente! hehe

  • Alessandra Horn - 14 de agosto de 2008 reply

    Oi bonitinho….
    Tava pesquisando imagem, não sei nem qual o objeto e dei de cara com umas carinhas conhecidas…
    Adorei a forma que vc escreveu…
    Saudades de vocês…
    ah! As palavras-cruzadas são mal de família???? o pai não vive sem… rss
    bjos!

  • Carla Maria Beal - 18 de maio de 2009 reply

    Oi querido afilhado dessa madrinha distante em terras italianas, mas com um coraçao sempre brasileiro. Amei tudo sobre tua mae. Mando pra ti um sincero e carinhoso abraço e…pra ela tbèm, lòòògico. Bjo Emaaaa!!!

    uzina - 13 de julho de 2009 reply

    Oi, minha dinda! Fiquei adiando essa resposta, aguardando a melhor hora pra te responder. E ela chegou: te digo que tambem sou dindo, dindo do Bento, filhinho da minha mana, a Ana. Tri, neh? Comentei com a mae q tu enviaste esse email, ela ficou feliz. O que fazes ai? Como esta essa vida? E as pupi, ficaram? Beijo grande e com saudade, Juliano.

  • rudao - 18 de maio de 2012 reply

    MATO A POU, JULIANO,BEIJOS COM SAUDADES DE TEU TIU RUDÃO.
    PARABENS COM BASTANTE PARABENS.GRANDE ABRAÇO.

    uzina - 20 de maio de 2012 reply

    Falou, tio! Abraço grande do sobrinho gaúcho! Juliano

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