Caixa de bombom

4 comments

Dia das crianças me lembra caixas de bombom. Minha avó me dava caixas de bombom no Dia das Crianças. “Só uma caixa de bombom, vó?”, eu pensava. “Por que não um Comandos em Ação, uma tartaruga ninja, um Playmobil?”, continuava desqualificando o seu gesto em pensamento. Lembro que a criticava por não vir falar comigo, não me botar no colo, não me dar conselhos sábios como nos filmes, não ser o tipo afetivo tradicional. Lembro de achar que minha avó não me amava. E queria me comprar. Com caixas de bombom.

Dia desses meu pai voltou da loja do Grêmio, em Porto Alegre. Voltou com um bonito pacote de presente, numa bela sacola. Pra mim. Me surpreendi. Meu pai não é das coisas. De dar presente a toda hora. Mas entendi depois. Meu pai me disse que a sua mãe — a minha vó, a das caixas de bombom, que era muito gremista – estaria de aniversário naquele dia, e já que ele não podia a presentear, estava dando a mim aquele presente. Bonito, pai. Também te amo.

Nesse Dia das Crianças, espero que todas as crianças que, porventura, não recebaramm presentes, não decepcionem-se. Pessoas como a minha avó e meu pai amam. Nem sempre dizem, mas amam. Às vezes, o presente também não vem. E isso não quer dizer que não  amam. Mais. Se receberem só uma caixa de bombom, lembrem-se que o amor, o amor verdadeiro, sempre é manifestado, e, às vezes, é preciso entender o seu manifesto. Às vezes ele pode ser simbolizado por uma simples e barata caixa de bombom.

Juliano RigattiCaixa de bombom
read more