Quem sabe poupar, sabe votar

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Estou pra dizer pra vocês que o sujeito que sabe cuidar do seu dinheiro, do seu suado dinheirinho, sabe também votar.

Digo porquê.

Porque cada vez mais, a cada eleição que chega, os argumentos dos candidatos estão travestidos de apelo publicitário. Vocês viram a qualidade dos jingles, das músicas dos candidatos? E o que são as logomarcas com o rosto e o número do partido? E os discursos, então? Meu Deus, como melhoraram.

Um tempão atrás, bem no início da faculdade, quando ainda dividíamos a sala de aula com o pessoal do curso de Publicidade e Propaganda, alguém fez essa pergunta: qual é, afinal, a diferença entre propaganda e publicidade. Disse-nos o professor, com a autoridade que tem todo professor no início da faculdade: fazer propaganda é propagar uma idéia, uma crença. É quase um proselitismo, uma catequese. Publicidade é mais próprio do capitalismo. Tem a ver com produto, com venda, com marketing.

Pois estamos diante de publicidade eleitoral.

Não nos oferecem mais promessas mirabolantes, soluções mágicas para a rua esburacada ou o valão que cheira mal há quatro anos. Agora nos oferecem um rosto bonito, uma música que não sai da cabeça, um trocadilho envolvente. Sim, no passado já faziam isso. Mas muito isso evoluiu.

Claro que eles têm as suas razões. Claro que eles as têm. O apelo do consumo para que adquiramos aquele celular novo, aquela bolsa e sapato transados está cada vez mais evoluído. É assim: você acredita sempre mais que alguma coisa está faltando na sua gaveta, na sua geladeira, no seu roupeiro. Sempre falta algo.

Uma eleição está para o eleitor, portanto, como um shopping está para o consumidor. Há vitrines, logomarcas e slogans por todos os lados. Há o azul, o roxo, o vermelho e o verde. Escolha a sua predileta.

Vivemos um marco na democracia com a evolução da estética eleitoral. Com a diluição dos limites entre situação e oposição, somos conquistados por uma bela imagem e não mais por um sensato plano de governo.

Se no passado, quando as atenções estavam voltadas mais ao conteúdo de um político, ao que ele tinha para dizer e prometer, ao que ele se opunha no atual governo, a chance de colocarmos no poder um safado era grande, hoje piorou. No dia cinco de outubro votaremos numa música, numa cor e numa fala rimada. E não em quem tem mais chance de fazer mais e melhor pela cidade.

E a conseqüência também é pior. Se você comprou um produto e deu-se conta que ele é inútil na semana seguinte, simples: você rasgou seu suado dinheirinho. Só. Agora, se você votou e no segundo ano de mandato o sorridente político foi cassado por corrupção, danou-se. Você fez mal a toda sociedade.

Valorize o seu dinheiro e valorize o seu voto.

Digo a vocês: o sujeito que chega no final do mês com as contas em dia, que soube onde colocar o seu dinheiro. O sujeito que investiu, que pensou na aposentadoria. Que agiu com discernimento. Este, senhoras e senhores, será um bom eleitor.

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E não esqueça: anote seu voto e se o seu candidato se eleger, cobre-o ao longo dos quatro anos.

Juliano RigattiQuem sabe poupar, sabe votar
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