Uzina: quatro anos!

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É, a Uzina está de aniversário esse mês. Quatro anos! Foi no verão de 2005 que tudo começou. Da lembrança de um reveillón,  do dedo queimado por um bombril em brasa. Leia abaixo o primeiro texto da Uzina.

Obrigado pela tua visita de sempre. E pelos comentários de quase sempre. Volte sempre!

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Escrever, escrever

Comentei com algumas pessoas isso. Porque escrever pra mim sempre foi uma tarefa que exigia um pouco mais do que o olhar habitual sobre as coisas. O objetivo, assim cru, natural, já é escrito. E muito por aí. E pra escrever do jeito que gosto, preciso de inspiração. Isso, inspiração. Não, não é poesia. É texto mesmo. Às vezes se mistura com alguma crônica. Mas, em princípio, é texto, texto de opinião.

Com alguns até comentei a história do dedo queimado.

Era uma vez eu. Não lembro que ano estava virando. Faz uns 10 anos. Então devia ser de 1994 pra 1995, ou quase isso. Fogos sempre foram proibidos aqui em casa. Por causa de experiências mal-sucedidas. Meu tio se machucou feio uma vez. Bom, pra minha festa particular seriam suficientes um pedaço de Bombril, um cordão e fósforos. Sim, eu era novo. Bem guri na época. Acendia o Bombril, ia até o meio da rua e girava o mais rápido que conseguia, sobre a minha cabeça. Com o girar, as faíscas caíam no asfalto e como era noite, ficava bem bonito. Não tinha muito perigo porque as faíscas passavam longe. A merda é que o Bombril tinha acabado. E o último que tinha usado não tinha queimado por inteiro e estava lá, no meio da rua. Algumas brasas em volta, mas muitas regiões prateadas, que ainda não haviam sido queimadas. Só vi que estava enganado quando me percebi correndo em direção ao tanque, nos fundos de casa. Eu tinha tentado pegar o que sobrara do Bombril exatamente pela brasa. Doeu.

Fiquei toda a primeira semana do novo ano com o polegar e o dedo indicador da mão direita com uma grossa camada de pele, digamos, morta. Não sentia nada. Enquanto a pele se refazia por baixo, essa outra, grossa e sem tato, era o que ligava meus dedos ao mundo real.

Já disse que não lembro bem. Digamos que faz uns 10 anos. Acho que faz mais. Mas a sensação voltou. Não, dessa vez não brinquei com o Bombril em brasa na noite de Ano Novo. Eu estou meio assim. Como estavam os meus dedos queimados aquele dia. Estou com dificuldade de escrever, de olhar além. Alguma coisa que me liga com o mundo real está com problemas. E preciso resolver isso.

Inicio hoje este Blog. Com objetivo de publicar alguns textos de anos anteriores. Mas, especialmente, precisando escrever. Me recuperar.

Esta é a pauta da vez. Escrever.

Juliano RigattiUzina: quatro anos!

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