O CLJ e sua história de enganação

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O CLJ – Curso de Liderança Juvenil é um movimento jovem da Igreja Católica, fundado em Porto Alegre, em 1974, e é voltado à evangelização e à vivência dos valores cristãos. Participei deste movimento durante intensos seis anos de minha adolescência e juventude. E não fui mais o mesmo desde lá. Fui enganado. E o enganei muitas vezes.

Se você também foi enganado, se você também enganou, deixe aqui seu relato, dê seu testemunho, conte sua história, junte-se a esta causa!

Para filiar-se a esta causa, há grupos de discussão no Facebook e no Orkut. Passa lá!

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Juliano RigattiO CLJ e sua história de enganação
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Eu enganei o CLJ

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Em qualquer esporte, a tese mais conhecida de todos os técnicos e da diretoria é a que o time precisa saber, quando perde, porque perdeu, e saber, quando vence, porque venceu. Esta última, contudo, é a mais importante para que a tão desejada vitória se repita.

E vocês sabem que no CLJ (e no EJC, e no Cenáculo, e no Onda, e no ECC) essa máxima também vale?

Confesso pra vocês que assim como fui enganado pelo CLJ, eu, muitas vezes – e até sem saber –, tentei dar troco. Tentei enganar o CLJ. E presenciei muitos fazerem o mesmo.

Explico.

Os grupos de jovens – especialmente o de jovens – atraem pessoas com problemas familiares, com dificuldade de aceitação na roda de amigos e na sociedade, com necessidade de reconhecer a si mesmo. O CLJ cumpre num primeiro momento, portanto, uma nobre função social: a de elevar a auto-estima da gurizada, fazendo-os enxergar valor naquilo que são, naquilo que fazem, naquilo que acreditam. Isso tudo – é importante que se deixe claro – sem exigir em troca qualquer bem ou quantia em dinheiro. É fundamental que se registre essa diferença elementar entre esta proposta da Igreja Católica e muitas outras que nos são ofertadas por aí, e que estão presentes até nos centros das grandes metrópoles. Antes mesmo de catequizá-los, de convertê-los, o CLJ é uma instituição sem fins lucrativos, voltada à inclusão. E eu não precisaria repetir aqui que constatações como essa só aumentam minha admiração e minha paixão por este Movimento.

Mas e quando enganamos o CLJ?

Quando, pecadores que somos, nos aproveitamos dessa nova fase de auto-estima em alta e alimentamos nosso próprio orgulho, buscando interesses individuais, lançado mão de ferramentas como o egoísmo, a fofoca, o julgamento e a autopromoção. Ou você nunca foi testemunha de jovens que cantavam mais para mostrar a voz do que para louvar? Ou você nunca conviveu com coordenadores de equipes que mais pareciam políticos angariando votos e menos lideres pela causa de Cristo? Ou você nunca conheceu ninguém que confundia aumento de responsabilidade com aumento de glamour?

Amigos em Cristo, isso é enganar o CLJ!

Felizmente, as bases fortes do Movimento impediam, no meu tempo, essas práticas de prosperar. Imagino que ainda hoje as impeçam. Nunca mais esqueci o que o Pe. Flavio Canisio Steffen, então diretor espiritual de um curso aqui em Canoas, me disse, acho que em confissão: “Juliano, Deus não condena o pecador, mas é implacável com o pecado.” E por condenarmos o pecado, sem nunca perder a esperança no pecador, é que ajudamos este Movimento a prosperar. Porque o mesmo jovem que um dia canta para que o elogiem, um dia cantará por Deus e encherá os olhos de alguém de lágrimas. O mesmo que luta por causa própria um dia canalizará todo seu talento de comunicador para fazer daquele retiro o melhor retiro de todos. E o mesmo que deseja ser admirado como coordenador, um dia voltará para casa agradecendo a Deus por ter contribuído para a conversão de muitos apenas limpando o chão e os banheiros da casa onde o curso foi realizado.

Como no futebol, como no vôlei, também no CLJ é importante que saibamos porquê vencemos. Digo com a convicção de quem já venceu e de quem já viu muitos vencerem em Cristo: o segredo está no que entendemos por doação, por caridade. O segredo da vitória em um momento de espiritualidade, em uma palestra ou em um curso de três dias está em fazer com amor, não esperando absolutamente nada em troca. Se precisamos saber porquê vencemos, voltemos nosso olhar para a Eucaristia e sigamos o seu inesquecível exemplo de doação. Cristo entregou, sacrificou e consagrou seu corpo e sangue em nosso favor. Não desejou a fama, não desejou o reconhecimento, não desejou uma coroa mais brilhosa e dourada. Buscava naquele gesto simplesmente a nossa felicidade. E só por isso, costumo dizer, dividiu a nossa historia – e até a dos ateus – em A.C. (antes de Cristo) e D.C. (depois de Cristo).

A tentativa de enganar o CLJ é a explicação para a derrota, se querem saber. Somos todos apóstolos, operários da grande messe. E o Espírito Santo é que nos capacita para que façamos o melhor de nós e nos prepara para que esperemos em troca do esforço a melhor das recompensas: a conversão do próximo.

Eu enganei o CLJ

Em qualquer esporte, a tese mais conhecida de todos os técnicos e da diretoria é a que o time precisa saber, quando perde, porque perdeu, e saber, quando vence, porque venceu. Esta última, contudo, é a mais importante para que a tão desejada vitória se repita.

E vocês sabem que no CLJ (e no EJC, e no Cenáculo, e no Onda, e no ECC) essa máxima também vale?

Confesso pra vocês que assim como fui enganado pelo CLJ, eu, muitas vezes – e até sem saber –, tentei dar troco. Tentei enganar o CLJ. E presenciei muitos fazerem o mesmo.

Explico.

Os grupos de jovens – especialmente o de jovens – atraem pessoas com problemas familiares, com dificuldade de aceitação na roda de amigos e na sociedade, com necessidade de reconhecer a si mesmo. O CLJ cumpre num primeiro momento, portanto, uma nobre função social: a de elevar a auto-estima da gurizada, fazendo-os enxergar valor naquilo que são, naquilo que fazem, naquilo que acreditam. Isso tudo – é importante que se deixe claro – sem exigir em troca qualquer bem ou quantia em dinheiro. É fundamental que se registre essa diferença elementar entre esta proposta da Igreja Católica e muitas outras que nos são ofertadas por aí, e que estão presentes até nos centros das grandes metrópoles. Antes mesmo de catequizá-los, de convertê-los, o CLJ é uma instituição sem fins lucrativos, voltada à inclusão. E eu não precisaria repetir aqui que constatações como essa só aumentam minha admiração e minha paixão por este Movimento.

Mas e quando enganamos o CLJ?

Quando, pecadores que somos, nos aproveitamos dessa nova fase de auto-estima em alta e alimentamos nosso próprio orgulho, buscando interesses individuais, lançado mão de ferramentas como o egoísmo, a fofoca, o julgamento e a autopromoção. Ou você nunca foi testemunha de jovens que cantavam mais para mostrar a voz do que para louvar? Ou você nunca conviveu com coordenadores de equipes que mais pareciam políticos angariando votos e menos lideres pela causa de Cristo? Ou você nunca conheceu ninguém que confundia aumento de responsabilidade com aumento de glamour?

Amigos em Cristo, isso é enganar o CLJ!

Felizmente, as bases fortes do Movimento impediam, no meu tempo, essas práticas de prosperar. Imagino que ainda hoje as impeçam. Nunca mais esqueci o que o Pe. Flavio Canisio Steffen, então diretor espiritual de um curso aqui em Canoas, me disse, acho que em confissão: “Juliano, Deus não condena o pecador, mas é implacável com o pecado.” E por condenarmos o pecado, sem nunca perder a esperança no pecador, é que ajudamos este Movimento a prosperar. Porque o mesmo jovem que um dia canta para que o elogiem, um dia cantará por Deus e encherá os olhos de alguém de lágrimas. O mesmo que luta por causa própria um dia canalizará todo seu talento de comunicador para fazer daquele retiro o melhor retiro de todos. E o mesmo que deseja ser admirado como coordenador, um dia voltará para casa agradecendo a Deus por ter contribuído para a conversão de muitos apenas limpando o chão e os banheiros da casa onde o curso foi realizado.

Como no futebol, como no vôlei, também no CLJ é importante que saibamos porquê vencemos. Digo com a convicção de quem já venceu e de quem já viu muitos vencerem em Cristo: o segredo está no que entendemos por doação, por caridade. O segredo da vitória em um momento de espiritualidade, em uma palestra ou em um curso de três dias está em fazer com amor, não esperando absolutamente nada em troca. Se precisamos saber porquê vencemos, voltemos nosso olhar para a Eucaristia e sigamos o seu inesquecível exemplo de doação. Cristo entregou, sacrificou e consagrou seu corpo e sangue em nosso favor. Não desejou a fama, não desejou o reconhecimento, não desejou uma coroa mais brilhosa e dourada. Buscava naquele gesto simplesmente a nossa felicidade. E só por isso, costumo dizer, dividiu a nossa historia – e até a dos ateus – em A.C. (antes de Cristo) e D.C. (depois de Cristo).

A tentativa de enganar o CLJ é a explicação para a derrota, se querem saber. Somos todos apóstolos, operários da grande messe. E o Espírito Santo é que nos capacita para que façamos o melhor de nós e nos prepara para que esperemos em troca do esforço a melhor das recompensas: a conversão do próximo.

Juliano RigattiEu enganei o CLJ
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Bento é bento

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Quase podia ouvir as paredes e o chão da igreja trincarem naquela manhã fria de 29 junho, na paróquia Santa Flora, no bairro Cristal, em Porto Alegre. Eu já tinha decidido que sairia dali para movimentar meus músculos endurecidos e colocar uma barrinha de cereal no meu estômago oco. Já tinha decidido por isso. Não sabia o quanto mais podia aguentar. A voz daquele leigo à minha frente já soava sem sentindo tanto era o frio que eu sentia. Ele dizia palavras sem nexo e eu podia ver minhas mãos gelarem.

O Bento estava em paz, ora no colo da avó, ora no colo da mãe. Adormecia, aquecido por uma angelical roupa de tricô branca, preparada exatamente para esta ocasião, o seu batismo.

Quando fomos orientados a nos aproximar da pia batismal, eu levantei aliviado por ainda poder sentir com normalidade cada um dos meus membros. E o Bento em pouco tempo tornar-se-ia mais do que filho de Deus e membro da Igreja. Ele seria, logo após a água daquela jarra de vidro molhar o seu sensível couro cabeludo, um ser humano premiado.

Porque o Bento, meu sobrinho Bento, nascido há pouco mais de dois meses, agora é, sim, um ser premiado.

O Bento é um brasileiro premiado por ter a sua volta pais, avós, tios-avós e dindos — este quem vos posta é um deles — preocupados em iniciá-lo em um caminho que, mais tarde, na vida adulta do Bento, poderá ser decisivo. Porque, no mínimo, quem está em Deus, como o Bento está desde as 11h30 daquele domingo, respeita a instituição família, fundamento da sociedade, respeita a si próprio e a existência do outro. No mínimo isso — e, convenhamos, só isso que entregamos ao Bento já fará uma baita diferença na sua vida e na vida desse país. Ele poderá até não aceitar, mais tarde, a religião católica. Ate poderá. Mesmo assim, Bento será um privilegiado, será um premiado. Duvido que deixe de crer em Deus, duvido que deixe de sentir no seu íntimo o desejo de viver a beleza da vida e poder enxergá-la além dos computadores, além dos expedientes de trabalho, além do extrato do banco, além dos blogs e do twitter, além da rotina cinza dos dias. E se tu esqueceres desses vitais desejos, meu afilhado Bento, quero estar vivo para poder, com voz trêmula, te dar aqueles conselhos de engenheiro de obra pronta, sabe?

Bento, tu ainda nem fala e mal pode diferenciar a sacada e o banheiro, mas já é bento. E desde já, a tua existência nos abençoa com este simples, mas grandioso lembrete: Deus está aqui.

Juliano RigattiBento é bento
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A pauta está errada!

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No jornalismo, dizemos que a pauta está errada quando uma matéria aborda um assunto pelo  ângulo menos importante do acontecimento. Como se, ao final de uma partida de futebol, um jornalista da editoria de esportes deixasse de informar o resultado e o melhor jogador em campo para avaliar a qualidade do gramado e as condições das redes que são presas às traves e que seguram a bola na hora do gol. A menos que os buracos no campo tenham influenciado muito no resultado do jogo; e o time vencedor tenha feito seu gol furando a rede, o que teria posto em dúvida a validade do lance. Só se fosse assim, a notícia principal seria a grama e as redes. Se não, sempre, o mais importante da fala de um repórter ao final de um jogo é o placar o impacto deste placar na campanha dos clubes ao longo do campeonato.

Para mim, jornalista e cristão, a pauta sobre a Igreja Católica está errada.

Talvez pelo que houve de mais repugnante na sua história, como as cruzadas e a inquisição. Talvez porque ela tenha em seus dogmas um conservadorismo polêmico. Talvez porque ela se manifeste publicamente nos momentos mais inconvenientes. Talvez por tudo isso, hoje, infelizmente, a Igreja Católica virou notícia no Brasil não pelas seus incontáveis benefícios à sociedade, mas pelas suas contradições.

Sou contra o aborto, como a Igreja, porque sou contra matar. Mas sou a favor dele, em caso de risco de vida para a mãe e da impossibilidade natural dela levar adiante a gravidez e o desenvolvimento do bebê. Acho que, neste caso, se temos tempo, pelo menos um precisa ser salvo. Acho que foi para isso que Deus me diferenciou dos macacos, permitindo-me pensar. E mais: se não pudesse realizar um milagre para salvar os dois, tenho a impressão que Deus não discordaria desta minha opinião. Agora, não consigo admitir que matar um bebê inocente possa ser a solução para um crime dessa natureza. Não consigo aceitar que matar um bebê inocente possa ser o único jeito de livrar a mãe da lembrança daquele dia. Nem que matar seja a única forma de evitar que tenhamos entre nós mais uma criança lesada psicologicamente. Não consigo.

Sou contra a proibição da camisinha. Mas a propósito da opinião da Igreja sobre o assunto, fico sempre me perguntando no efeito moral que a distribuição dela aos montes pode causar na cabeça daqueles que não sabem o que é o sexo. No Carnaval, por exemplo. Não, o sexo não é um lazer como qualquer outro. Se fosse assim, se ele fosse um playground, não teríamos tantos dedos para falar sobre ele com as crianças, com os filhos, e, às vezes, até com pessoas adultas, próximas de nós. Se ele fosse como um escorregador ou uma gangorra de uma pracinha, não teríamos tanta gente grande nesse país traumatizada porque um adulto brincou de sexo com ela em uma idade inadequada. Sexo precisa de responsabilidade, precisa de entendimento, de sensatez, de sobriedade, de maturidade. E para quem for praticá-lo munido de todos esses princípios – se for com a pessoa que ama, melhor ainda –, esse, sim, deveria poder optar pela camisinha e tê-la ao seu alcance. Que seja em um pedágio em direção à praia ou às mãos de um agente no Ministério da Saúde ao lado de um trio elétrico.

O que eu lamento, como jornalista e cristão, é que a Igreja Católica somente vire notícia no Brasil quando a pauta não é a seu favor e a favor do que tenta ensinar; quando a pauta põe a sua importância em xeque, põe os seus benefícios vitais em discussão.

Nasci, cresci e me tornei jovem frequentando a Igreja. E hoje, sentado em frente ao computador na empresa onde trabalho, em uma sinaleira ou em uma balada, às vezes tenho insights de como seria correto agir em determinadas situações. Sou levado a pensar como Jesus Cristo agiria em determinados momentos. Como um cristão deve agir. E quase sempre, depois de resolvida uma situação, me sinto um privilegiado por ter no meu currículo o aprendizado da fé.

Neste exato momento, de noite ou de dia, enquanto você está aí confortavelmente sentadito um uma cadeira em frente à este modernoso equipamento, um padre ou um irmão religioso ou irmã religiosa estão em alguma periferia do mundo, realizando um ato de total doação, arrancando um sorriso ou um olhar de alívio e de esperança de algum ser humano como você e eu. Mas que nasceu desprovido de dinheiro, de saúde e de educação. Este cristão deixou para trás uma família, um projeto pessoal e o conforto de sua terra para cuidar de alguém que precisa. (Tenho a honra de conhecer dois desses — e sobre um deles até já falei aqui). E só porque ele não está excomungando, não está proibindo o uso da camisinha ou do aborto, ele não existe para todo o resto da humanidade que lê jornal, assiste televisão ou faz buscas no Google.

Infelizmente, para muitos, a Igreja Católica, essa pedagogia das lições de vida de Jesus Cristo, ainda é só um conjunto de dogmas arbitrários, irracionais, atrasados, contraditórios e inúteis.

Infelizmente.

Juliano RigattiA pauta está errada!
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Qual a sua opinião?

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Esta é para quem acompanhou o caso da menina de nove anos que engravidou de gêmeos depois de ser estuprada pelo padastro.

A Igreja Católica excomungou os envolvidos na decisão e na execução do aborto, com exceção de quem a violentou. A legislação brasileira autoriza o aborto pra os casos de estupro e de risco de vida da mãe.

O fato estava, portanto, coberto pela legislação em ambas as situações — já que com a idade que tinha, o corpo da menina não teria condições de levar adiante a gravidez.

Pergunto: 

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Juliano RigattiQual a sua opinião?
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